O que é Open Source? Guia Completo de Código Aberto, Licenças, Riscos e IA (2025)

Tech for Humans
November 19, 2025
Imagem de um cadeado aberto com símbolo de código de programação, simbolizando segurança e tecnologia na segurança da informação.

Resumo rápido: O que é Open Source?

  • Open source é o modelo de software cujo código é aberto para uso, modificação e redistribuição.
  • O open source sustenta grande parte da tecnologia moderna. Hoje, 77% do código de aplicações comerciais é aberto.

O que é Open Source (software de código aberto)?

Open source, ou código aberto, é um modelo de desenvolvimento de software no qual o código-fonte é disponibilizado publicamente, permitindo que qualquer pessoa possa ver, estudar, modificar, melhorar e redistribuir esse software.

Mas, mais do que um método técnico, o open source se tornou um movimento global de colaboração, responsável por grande parte da tecnologia usada no mundo moderno. Ele impulsiona sistemas operacionais, bancos de dados, frameworks, navegadores, aplicações empresariais, infraestrutura de nuvem e, mais recentemente, o avanço da Inteligência Artificial.

Hoje, é praticamente impossível desenvolver software sem utilizar componentes open source. Um dado resume isso bem: 77% do código presente em aplicações comerciais modernas é de código aberto, mesmo quando as empresas não percebem.

A essência do open source

Para que um software seja considerado open source, ele precisa seguir três princípios fundamentais:

  • Código-fonte acessível: o conteúdo do software deve estar disponível para consulta.
  • Liberdade para modificar: qualquer pessoa pode adaptar ou criar versões derivadas.
  • Liberdade para redistribuir: as modificações podem ser compartilhadas, com ou sem custo, conforme as regras da licença.

Esse modelo cria um ciclo: quanto mais pessoas usam o software, mais gente contribui; quanto mais gente contribui, mais rápido ele evolui.

É por isso que projetos como Linux, Kubernetes, PostgreSQL, Firefox, Python, Llama, Mistral e milhares de bibliotecas no Hugging Face crescem em velocidade exponencial.

Como o Open Source Funciona na Prática

Embora pareça um ecossistema espontâneo, o open source opera com processos muito bem definidos. A colaboração é descentralizada, mas não é desorganizada. Tudo acontece em torno de repositórios públicos, fluxos de contribuição estruturados e comunidades que mantêm o projeto vivo.

Como o Open Source Funciona na Prática?

O processo de colaboração do open source é, na verdade, bastante organizado. Ele funciona com base em três pilares:

  1. Repositórios (Onde o código mora): O código-fonte de um projeto fica hospedado em um lugar central, chamado repositório. Plataformas como GitHub e GitLab são os "hubs" mais famosos, permitindo que qualquer um acesse o código e acompanhe as mudanças.
  2. O Processo (Como contribuir): Você não edita o código principal diretamente. O fluxo padrão é fazer uma cópia ("Fork"), criar uma "ramificação" (Branch) para suas alterações e, quando terminar, enviar um "Pull Request". Este é um pedido formal para que os donos do projeto "puxem" (incorporem) suas melhorias.
  3. A Comunidade (Quem manda): Existem dois grupos principais: os Colaboradores (qualquer pessoa que sugere uma melhoria) e os Mantenedores (os líderes que revisam, aprovam ou rejeitam as contribuições). São eles que garantem a qualidade e a direção do projeto.

Open Source vs. Software Livre: qual a diferença?

Os termos open source e software livre costumam aparecer lado a lado, e, embora estejam relacionados, não significam exatamente a mesma coisa. Entender essa diferença é fundamental para empresas que avaliam licenças, modelos de uso e riscos legais.

Software Livre: a filosofia

O conceito de software livre vem da década de 1980, liderado por Richard Stallman e pela Free Software Foundation (FSF).

A palavra chave aqui é liberdade, e não “grátis”.

As quatro liberdades fundamentais do software livre são:

  1. Executar o programa para qualquer propósito
  2. Estudar como o programa funciona e modificá-lo
  3. Redistribuir cópias para ajudar outras pessoas
  4. Distribuir versões modificadas

Ou seja: o foco é ético e filosófico, defendendo que o usuário precisa ter total controle sobre o software.

Open Source: o modelo pragmático

Nos anos 1990, especialistas do setor (como Eric S. Raymond e Christine Peterson) perceberam que o termo “software livre” gerava confusão: muitos interpretavam como “software gratuito”.
Além disso, empresas hesitavam em adotar o termo por parecer politizado.

Assim surgiu o termo open source, promovido pela Open Source Initiative (OSI), com foco em:

  • colaboração
  • transparência
  • qualidade técnica
  • inovação acelerada
  • viabilidade comercial

O movimento open source traz a mesma essência de abertura, mas com uma abordagem mais prática para negócios e desenvolvimento profissional.

Todo software livre é open source, mas nem todo open source é software livre.

A história do Open Source

O open source não surgiu de uma decisão formal, ele evoluiu ao longo de décadas, acompanhando as mudanças da computação.

Anos 70 e 80: A cultura do compartilhamento

Nos primórdios da computação:

  • universidades compartilhavam códigos livremente
  • desenvolvedores trocavam melhorias por correio eletrônico
  • não existia a ideia de “proprietário do software”

Essa cultura colaborativa foi a base do que viria a se tornar o open source.

1983: A revolução de Stallman

Richard Stallman inicia o Projeto GNU, propondo um sistema operacional 100% livre.
A FSF (Free Software Foundation) nasce logo depois.

A GNU GPL, criada por Stallman, introduz o conceito de copyleft: garantir que o código sempre permaneça aberto.

1997: “A Catedral e o Bazar”

O programador Eric S. Raymond publica um ensaio que se tornaria histórico.

Ele compara dois modelos:

  • Catedral: desenvolvimento fechado, centralizado, lento (similar ao modelo proprietário)
  • Bazar: desenvolvimento aberto, distribuído, caótico, porém muito mais rápido e eficiente

Esse texto ajudou o mundo corporativo a enxergar o modelo aberto como viável.

1998: Nasce o termo Open Source

Christine Peterson propõe o termo “open source”.

A OSI (Open Source Initiative) é fundada e formaliza os critérios de código aberto.

A partir daí, empresas passam a adotar o modelo abertamente, incluindo a Netscape, que libera o código do que viria a se tornar o Mozilla Firefox.

Anos 2000: O domínio do Linux e da Web

O Linux, criado por Linus Torvalds, ganha muita popularidade.

Ele se torna:

  • o padrão para servidores
  • a base do Android
  • o motor dos supercomputadores
  • o núcleo da infraestrutura da internet

Ao mesmo tempo, surgem projetos como:

  • Python
  • PHP
  • MySQL
  • Apache

Esses projetos formam a base da web moderna.

Anos 2010 e 2020: A nuvem e os contêineres

O open source entra em uma nova fase:

  • Docker (2013)
  • Kubernetes (2014)
    Terraform
  • Prometheus
  • Elastic (inicialmente open)

O ecossistema de nuvem passa a ser impulsionado quase integralmente por projetos open source.

2023–2025: A era da IA open source

A explosão da IA generativa cria uma disputa entre:

  • modelos proprietários (como GPT)
  • modelos abertos (Llama, Mistral, Gemma)

Modelos open source tornam-se estratégicos porque:

  • reduzem custos
  • permitem rodar IA internamente
  • oferecem controle total sobre dados
  • permitem personalização profunda

Esse movimento faz o open source voltar ao centro das discussões tecnológicas.

Vantagens e Desvantagens do Open Source

O open source se tornou dominante não apenas por motivos filosóficos, mas principalmente por fatores práticos. Empresas, desenvolvedores e organizações escolhem código aberto porque ele resolve problemas reais com eficiência, flexibilidade e custo reduzido.

Mas como qualquer tecnologia amplamente utilizada, ele também traz riscos que precisam ser bem administrados.

A seguir, apresentamos uma visão completa sobre os pontos fortes e os desafios do modelo.

Vantagens do Open Source

Custos reduzidos

A ausência de taxas de licença é o principal motivo para a adoção em larga escala.

Segundo pesquisas recentes, 53% das empresas escolhem open source para reduzir custos operacionais, especialmente em cenários de incerteza econômica.

Além disso, há economia em:

  • escalabilidade
  • infraestrutura
  • pagamento por usuário
    manutenção de software proprietário

Inovação mais rápida

O modelo aberto acelera o avanço tecnológico por três razões:

  • milhares de colaboradores trabalhando em paralelo
  • ciclos contínuos de atualização
  • experimentação sem barreiras

É por isso que frameworks, modelos de IA e tecnologias de nuvem open source chegam ao mercado mais rapidamente do que soluções proprietárias.

Independência de fornecedor (evita lock-in)

Empresas não querem ficar presas a:

  • formatos fechados
  • contratos rígidos
  • preços imprevisíveis
  • roadmaps que não controlam

O open source permite migração, adaptação e autonomia técnica, algo essencial para operações robustas.

Qualidade e segurança auditável

Apesar de parecer contraintuitivo ("se o código é aberto, não é mais vulnerável?"), a maioria dos líderes de TI afirma que open source é tão seguro quanto ou mais seguro do que software fechado.

Motivos:

  • código visível → vulnerabilidades podem ser detectadas cedo
  • revisão coletiva constante
  • padrões abertos
  • atualizações frequentes

Flexibilidade máxima

Empresas podem:

  • alterar o software para atender necessidades específicas
  • integrar a outras soluções
  • remover funcionalidades indesejadas
  • criar versões internas personalizadas

Essa liberdade é impossível no software proprietário.

Comunidades ativas

Projetos como Linux, Kubernetes ou PostgreSQL têm:

  • documentação extensa
  • foruns
  • grupos de usuários
  • milhares de contribuidores experientes

Esse ecossistema reduz custos de suporte e acelera a resolução de problemas.

Desvantagens do Open Source

Os riscos existem, mas são consequência da forma como as empresas usam open source, não do modelo em si.

Dependência de componentes desatualizados

Relatórios recentes mostram que:

  • 91% dos projetos analisados possuem componentes obsoletos
  • muitas empresas utilizam bibliotecas sem atualização há anos
  • o chamado “código zumbi” (sem manutenção há mais de 2 anos) aparece em quase metade das aplicações avaliadas

Falta de governança adequada

Sem processos claros, as equipes podem:

  • duplicar dependências
  • ignorar licenças
  • deixar falhas sem patch
  • perder rastreabilidade de componentes

Isso compromete segurança e compliance.

Riscos legais por uso incorreto de licenças

Empresas podem violar licenças sem perceber, especialmente as de tipo copyleft, que exigem abertura do código derivado.

Em 2024, por exemplo, a Orange S.A. foi condenada a pagar mais de € 900.000 por violação da GPL.

Como mitigar os riscos do Open Source

Os riscos do open source não vêm do modelo em si, mas da forma como as empresas usam e gerenciam os componentes. Por isso, a mitigação passa necessariamente por governança moderna, combinando processos, ferramentas e boas práticas.

A seguir, os pilares essenciais:

SBOM: Software Bill of Materials

O SBOM funciona como uma “lista de ingredientes” do software. Ele documenta todos os componentes, dependências e versões utilizadas dentro de um projeto. Nos últimos anos, tornou-se um requisito exigido por governos, seguradoras e grandes corporações.

Um SBOM estruturado permite:

  • Auditoria completa sobre tudo o que compõe o software.
  • Rastreabilidade, facilitando identificar rapidamente onde uma vulnerabilidade afeta a aplicação.
  • Detecção de componentes vulneráveis ou obsoletos antes que causem problemas.
  • Redução significativa de riscos, já que nada fica oculto ou sem inventário.

Políticas de atualização contínua

Grande parte das vulnerabilidades decorre simplesmente de componentes desatualizados.

Para evitar isso, a empresa precisa adotar políticas claras de update, incluindo:

  • Ciclos regulares de atualização, garantindo que bibliotecas críticas não fiquem anos sem manutenção.
  • Automação de dependências, usando ferramentas que notificam e aplicam updates sempre que surgirem versões mais seguras.
  • Scans de vulnerabilidade, que identificam riscos em tempo real e sinalizam componentes problemáticos.

Essa combinação evita que o software acumule “dívida de segurança”, problema comum em projetos que usam open source sem acompanhamento.

Gestão de licenças

Licenças open source podem parecer simples, mas seu uso incorreto pode gerar penalidades legais sérias, especialmente com licenças do tipo copyleft.

A gestão eficiente envolve:

  • Mapeamento automático de todas as licenças usadas nos componentes.
  • Revisão cuidadosa de itens copyleft para evitar obrigações inesperadas de abertura de código.
  • Padronização interna, definindo quais licenças a empresa pode usar, quando e em quais contextos.

Esse processo evita violações como a que levou a Orange S.A. a ser multada em mais de € 900.000 em 2024.

Licenças Open Source: Entendendo e Escolhendo

As licenças são o coração do open source.

Elas determinam o que você pode fazer e como pode distribuir ou modificar o código.

Existem dezenas de licenças aprovadas pela OSI, mas todas geralmente se encaixam em dois grandes grupos.

Licenças Permissivas (“faça quase tudo”)

Essas licenças são populares em empresas porque permitem:

  • uso comercial
  • modificações internas
  • redistribuição de versões fechadas
  • integração em software proprietário

Exemplos:

  • MIT (a mais usada no mundo)
  • Apache 2.0
  • BSD

Por serem simples e flexíveis, são as licenças favoritas de quem quer estimular adoção rápida.

Por que são tão usadas?

Porque não obrigam a empresa a abrir seu próprio código se ela incluir uma biblioteca ou componente permissivo.

Licenças Copyleft (“compartilhe igual”)

Criadas para proteger a liberdade do software.

Elas exigem que qualquer versão modificada seja redistribuída sob a mesma licença.

Exemplos:

  • GPL (General Public License)
  • AGPL
  • LGPL

Quando isso é um problema para empresas?

Se você modificar um código GPL e redistribuir o software, é obrigado a abrir seu código derivado.

Isso inviabiliza muitos modelos comerciais.

Como escolher a licença certa

Para projetos internos ou corporativos:

  • MIT → quando você quer que seu código seja amplamente adotado
  • Apache 2.0 → quando integra patentes e quer proteção legal mais forte
  • GPL → quando deseja garantir que tudo permaneça aberto
  • LGPL → quando quer permitir integração com código fechado, mas manter o núcleo aberto

Para empresas, a escolha da licença depende de três fatores:

  1. Modelo de negócio (SaaS, produto, plataforma etc.)
  2. Necessidade de manter ou não o código fechado
  3. Riscos legais e de compliance

Exemplos Famosos de Software Open Source

O open source está tão presente no nosso cotidiano que, muitas vezes, utilizamos tecnologias abertas sem perceber. Desde sistemas operacionais e bancos de dados até ferramentas de nuvem e modelos de IA, o ecossistema aberto sustenta uma parte significativa da infraestrutura digital moderna.

A seguir, os principais exemplos, incluindo os clássicos mais citados pelos concorrentes e também as tecnologias mais atuais.

Sistemas Operacionais

Linux

Considerado o maior e mais bem-sucedido projeto open source da história, o Linux está presente em 78,3% dos servidores web conhecidos e em 100% dos supercomputadores mais poderosos do mundo. Ele é a base da Internet moderna.

Android

O sistema operacional móvel mais utilizado do planeta também é baseado em open source. O Android Open Source Project (AOSP), construído sobre o kernel Linux, permite que fabricantes desenvolvam personalizações próprias.

Nuvem e Containers

Kubernetes

Criado pelo Google para orquestrar contêineres em escala, o Kubernetes se tornou o padrão do mercado. Hoje, está presente em mais de 39% das empresas ao redor do mundo.

Docker

O Docker popularizou o uso de contêineres, facilitando empacotamento, distribuição e execução de aplicações. Ele aparece em aproximadamente 59,3% das organizações.

Terraform (originalmente open)

Ferramenta de IaC que moldou a forma como equipes gerenciam infraestrutura, embora sua licença tenha mudado nos últimos anos, o que deu origem a novos forks mantidos pela comunidade.

Bancos de Dados

PostgreSQL

Em 2025, o PostgreSQL assumiu a liderança global como o banco de dados open source mais utilizado, com 51% de adoção. Ele ganhou destaque pela robustez e pela capacidade de lidar com cargas complexas.

MySQL

Clássico da web, o MySQL continua relevante e amplamente utilizado, mesmo após parte o ecossistema ser adquirida e gerida pela Oracle.

Linguagens e Frameworks

  • Python, onipresente em IA e ciência de dados.
  • Node.js, impulsionando o ecossistema JavaScript moderno.
  • PHP, ainda a base de grande parte dos sites do mundo.
  • Ruby on Rails, influente na construção de aplicações web.

Navegadores e Aplicativos

  • Mozilla Firefox, navegador 100% open source.
  • LibreOffice/OpenOffice, suítes completas que substituem o Microsoft Office.
  • GIMP, alternativa aberta ao Photoshop.
  • VLC Media Player, player multiplataforma extremamente popular.

IA: A nova fronteira do open source

A inteligência artificial generativa é a área de crescimento mais acelerado dentro do ecossistema open source. A demanda por modelos personalizáveis, que possam ser treinados internamente e rodar sob controle total de empresas, impulsionou uma nova geração de projetos abertos.

O Hugging Face se tornou o principal hub global de modelos de IA, funcionando como um “GitHub da IA”, onde pesquisadores e desenvolvedores compartilham modelos, datasets e pipelines. A plataforma abriga mais de 100 mil modelos, e muitos deles são referências mundiais.

Entre os destaques estão modelos como o Llama, da Meta, que mostrou que modelos abertos podem competir de igual para igual com alternativas proprietárias, e o Mistral, que ganhou notoriedade ao entregar desempenho impressionante em modelos compactos. Ambos impulsionam milhares de implementações ao redor do mundo, especialmente em empresas que buscam reduzir custos e aumentar o controle sobre sua infraestrutura de IA.

Além disso, o Brasil também marca presença nessa nova fase: o modelo de detecção de assinaturas da Tech for Humans, disponibilizado no Hugging Face, alcançou o top 10 mundial em downloads, ultrapassando 40 milhões de acessos, um marco que reforça o potencial técnico brasileiro no cenário global.

Open Source Hoje: O Estado Atual do Mercado (2025)

O cenário atual do open source é moldado por três grandes forças: a inteligência artificial, a nuvem e as tecnologias de dados. Cada uma delas vive um momento distinto, mas todas compartilham a mesma característica: dependem profundamente de código aberto.

Inteligência Artificial Open Source

Nos últimos anos, a IA open source se tornou protagonista. A ascensão de modelos como Llama, Mistral e Gemma abriu caminho para que empresas criassem agentes, copilotos e soluções generativas altamente personalizadas, sem depender exclusivamente de APIs proprietárias.

Esse movimento é impulsionado por três fatores principais: 

  • a redução de custos, já que APIs fechadas podem se tornar caras em escala
  • o controle sobre dados sensíveis 
  • e a capacidade de adaptar modelos para contextos específicos 

Por isso, muitas organizações aderiram a uma abordagem híbrida: começam usando modelos proprietários para validar cenários e, ao ganhar maturidade, migram parte das cargas para modelos abertos.

O setor financeiro e segurador, especialmente, tem se beneficiado desse equilíbrio entre agilidade, privacidade e escala.

Nuvem e DevOps

Outro eixo em transformação é o ambiente de nuvem e DevOps. Se antes o foco estava em infraestrutura básica (clusters, servidores, contêineres), hoje o mercado direciona investimentos para ferramentas que ampliam a produtividade das equipes.

Projetos open source relacionados a observabilidade e experiência de desenvolvimento vêm ganhando destaque, como o crescimento constante do OpenTelemetry e do Backstage, plataforma criada pelo Spotify para facilitar o trabalho de desenvolvedores. Essas tecnologias ajudam equipes a organizar pipelines complexos e manter visibilidade sobre sistemas distribuídos, algo essencial em empresas de grande porte.

Atualmente, cerca de 40% dos investimentos em open source feitos por organizações estão voltados para ferramentas de nuvem, DevOps e plataformas focadas em produtividade.

Dados e Análises Modernas

A área de dados também vive uma mudança relevante: o PostgreSQL assumiu a liderança como o banco de dados open source mais usado. Essa preferência se explica pelo desempenho superior em cargas analíticas modernas e pela capacidade de lidar com dados estruturados e não estruturados de maneira eficiente.

Além disso, ferramentas como DuckDB, ClickHouse, Airbyte e Superset ganharam espaço em pipelines, aplicações de analytics e arquiteturas modernas de dados. Isso demonstra que o open source está deixando de ser apenas uma alternativa e se tornando o padrão para empresas que precisam de velocidade, flexibilidade e redução de custos.

O open source como base invisível da tecnologia

Um dado resume bem o momento atual: 77% de todo o código presente em aplicações comerciais modernas é open source. Isso significa que, mesmo quando uma empresa acredita que não utiliza tecnologias abertas, ela inevitavelmente depende delas,  seja em frameworks, bibliotecas internas, bancos de dados, modelos de IA ou componentes de infraestrutura.

O código aberto se tornou a camada invisível que conecta a tecnologia global.

O Brasil como potência global no open source

Embora muitas vezes o Brasil seja visto apenas como consumidor de tecnologia, o país ocupa uma posição surpreendentemente forte no cenário global de código aberto.
O relatório State of the Octoverse 2024, do GitHub, traz dados que colocam o Brasil entre as maiores potências de contribuição do mundo.

A 4ª maior comunidade de desenvolvedores do mundo

Com 5,4 milhões de desenvolvedores, o Brasil aparece atrás apenas de:

  • Estados Unidos
  • Índia
  • China

Esse volume forma uma base sólida para criação e evolução de projetos open source de alta relevância.

A 4ª maior força global em contribuições

Mais importante do que o número de desenvolvedores é o impacto que eles geram.

O Brasil é o 4º país que mais contribui com projetos públicos open source no mundo..

Crescimento explosivo em IA generativa

As contribuições brasileiras para IA generativa cresceram 55% apenas em 2024, impulsionadas pela maturidade técnica local e pelo interesse de empresas nacionais em modelos abertos.

Adoção pelas empresas brasileiras

Segundo pesquisas recentes, 78% das empresas brasileiras planejam aumentar o investimento em IA, e metade delas pretende apostar especificamente em soluções open source, reforçando que o país não só contribui, mas também utiliza o modelo aberto de forma estratégica.

Inovação Open Source na Prática

Como vimos, o Brasil não é apenas um consumidor, mas também um criador de tecnologia de ponta. A Tech for Humans (T4H) é um exemplo dessa liderança, desenvolvendo soluções que impactam milhões de usuários globalmente com o modelo open source.

Veja nossas contribuições:

  • Modelo de Detecção de Assinaturas (Hugging Face): Desenvolvemos um modelo de IA especializado em identificar assinaturas manuscritas. Ele se tornou uma referência mundial, figurando entre os 10 modelos mais baixados do Hugging Face e ultrapassando 40 milhões de downloads.
  • Streamline (GitHub): Tornamos open source nossa plataforma completa de automação de processos e workflows. O Streamline foi projetado para reduzir o TOIL (trabalho operacional manual e repetitivo) e aumentar a eficiência das equipes por meio de fluxos de trabalho inteligentes.

Conclusão: O Futuro é Aberto (mas precisa de cuidado)

O código aberto se consolidou como uma das principais forças da tecnologia moderna. Com 77% do código presente nas aplicações comerciais formado por componentes open source, praticamente toda empresa já opera apoiada nesse modelo.

Essa realidade traz um ponto de atenção. Embora o acesso ao software seja aberto, a responsabilidade por mantê-lo seguro e atualizado continua interna. Muitos riscos surgem quando organizações deixam componentes desatualizados, acumulam dependências sem manutenção ou ignoram práticas de governança.

Nos próximos anos, o sucesso estará na capacidade de unir inovação rápida com uma gestão sólida. A adoção de IA aberta e de outras tecnologias emergentes gera valor quando acompanhada de processos maduros de segurança, atualizações contínuas e equipes preparadas.

O futuro da tecnologia segue um caminho aberto. As empresas que prosperarem serão aquelas que utilizam esse modelo com atenção, organização e responsabilidade.

Sobre a Tech for Humans

Na Tech for Humans (T4H), nós desenhamos Jornadas Digitais e Agentes de IA. Como donos da nossa própria tecnologia, criamos projetos sob medida para resolver os desafios específicos do seu negócio com mais agilidade.

Grandes empresas como Porto, Allianz e MAPFRE já usam nossos Agentes de IA, substituindo seus antigos chatbots por verdadeiros copilotos inteligentes, capazes de compreender, decidir e executar. O resultado prático é mais retenção de clientes, maior eficiência e uma experiência de atendimento em um novo nível.

Quer saber como aplicar agentes de IA no seu negócio? Fale conosco.

Referências:

Relatório do GitHub mostra o Brasil se destacando no ... - Inforchannel, acessado em novembro 17, 2025

2025 Open Source Security and Risk Analysis report - Black Duck, acessado em novembro 17, 2025,

The Careful Consumption of Open Source Software - Intel, acessado em novembro 17, 2025

Estudo IBM: 78% das empresas brasileiras aumentarão seus investimentos em IA em 2025 - IBM Brasil Newsroom, acessado em novembro 17, 2025  

2025 State of Open Source Report - Open Logic, acessado em novembro 17, 2025

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Tech for Humans